Comercialização de alimentos orgânicos na feira ecológica “Ao Entardecer” em Pelotas.

Segundo Júlia Guivant (2003) vivemos numa sociedade individualista e globalizada e a procura por alimentos orgânicos vem crescendo, esta é uma escolha preocupada na busca de um “estilo de vida mais saudável” e tem pouco a ver com preocupações ambientais.

A autora conceitua dois tipos de consumidores ecológicos o “ego-trip” e o “ecológico-trip”, no estilo ego-trip encontram-se os consumidores mais individualistas que buscam produtos naturais só pensando na sua própria saúde, beleza física, forma estética… Para Guillon e Willequet (2003) neste estilo “O consumo de produtos orgânicos pode ser ocasional, e apenas uma entre outras práticas consideradas saudáveis” (GUIVANT, 2003, pág 77).

Já o estilo ecológico-trip também pode ser considerado um tipo de consumidor ego-trip, porém, as suas decisões de consumo vão além do pensar só em si. “Seria o estilo de vida assumida frente ao meio ambiente ou de responsabilidade social” (GUIVANT, 2003, p. 64).

Entre os vários atores sociais entrevistados temos a consumidora Paulina, ela explicou que compra alimentos orgânicos desde que as feiras começaram em Pelotas, há 15 anos e diz que faz esta escolha principalmente para sua saúde, pelo sabor, aparência dos alimentos e por não terem agrotóxicos. Ela ressalta que “Tem pessoas que reclamam que é mais caro, mas não veem o custo x benefício e também o trabalho das famílias produtoras.”

O produtor Sr. Orlando muito feliz comentou: “…A procura é cada vez maior, hoje chegam aqui dizendo: o médico me indicou que é pra comprar na feira ecológica, e há 15 anos atrás o médico não indicava.”

Ainda salientou que a demanda é muito grande, pois os produtores abastecem as feiras ecológicas em Pelotas/RS, os restaurantes Teia Ecológica e ECO, fornecem seus produtos para a alimentação de estudantes da Rede Municipal de Ensino de Pelotas e ao Restaurante Universitário da UFPel.

Outro produtor, seu Guilherme comentou que “Toda a família trabalha na produção”, essa é a base da agricultura do tipo familiar. Explicou também que a maioria dos agricultores já produziu alimentos convencionais, mas com as orientações e os apoios da EMATER, CAPA, Sul Ecológica, e Prefeitura Municipal de Pelotas eles passaram para a produção de produtos orgânicos.

Para ele “O solo tem que estar bom, a produção será boa e não temos pragas na lavoura”. Para isto utilizam vários métodos alternativos e naturais na preparação do solo, são recursos encontrados na própria propriedade, tais como a produção da compostagem com alimentos orgânicos, folhas de árvores, estercos, também utilizam húmus entre outros recursos naturais. O resultado de todo esse esforço na preparação de um solo fértil é recompensado com a colheita de alimentos ricos em vitaminas, sais minerais, nutrientes e sem veneno. Assim encontraremos na “Feira Ecológica Ao Entardecer” variedades de hortaliças, legumes, feijões, temperos, geleias, conservas, ovos, mel, algumas frutas, entre outros alimentos.

CERTIFICAÇÃO

Todos os produtores que fazem parte de uma associação e ou cooperativa podem comercializarem seus produtos sem o selo de Certificação de Produto Orgânico, a legislação brasileira foi generosa com o agricultor familiar. A exigência da certificação de produto orgânico só é necessária para à venda em supermercados ou para a exportação.

Cátia Simone Castro Gabriel da Silva
Antropóloga
e-mail: catia@antropolgiasocial.com.br

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